quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Macaco Malvado Drunk Rambling #1 - Os Dinamites

A cerca de 4 anos atrás eu resolvi, por diversos motivos, aprender a gravar. Nessa época uma das minhas grandes descobertas foi que um Overdrive me dava um som muito mais nítido que um Fuzz (vocês se lembram dos primeiros shows do Lo-Fi?). Eu tinha uma sound blaster, na qual paguei 200 reais numa pexinxa, que me permitia ligar a minha guitarra num pedal e mandar em linha com o mínimo de atraso (descobri depois que esse atraso se chamava latência) e gravar várias idéias que nunca se tornariam música.

Não demorou para perceber que eu precisava gravar alguém para poder testar os meus conhecimentos e experimentar minhas idéias "revolucionárias" ("então, vamos fazer o seguinte, tu grava a sua voz de novo, em cima da antiga, e a gente chama isso de dobra!!"). Obviamente Watson e Mentes Póstumas foram as primeiras cobaias. Anos de amizade haviam de servir de alguma coisa e sinto que quando primeiro joguei a idéia, por mais que eles quisessem gravar de uma forma diferente do que estavam fazendo, o meu pedido soou como um “bora lá, vamos ver no que isso vai dar”. Foi mais de um ano de aprendizado em conjunto, testando as idéias mais geniais e as mais idiotas possíveis que resultaram em “Lei da Seca” e “Laissez-Faire”, dois discos que morro de orgulho.

Mas então surgem Os Dinamites. Olavo, Dannyboy, Lucas e Felipe. Amigos das noites de Brasília, com os quais partilhei muitas bebedeiras, mas que sonoramente eram muito opostos de tudo o que eu imaginava. Ainda assim eles viraram para mim em uma noite no Landscape e falaram “vamos gravar!”, “mas vocês sabem que a minha onda não é rockabilly”, “Não tem problema, vamos gravar”.

É difícil de explicar o quanto eu estava nervoso no primeiro dia de gravação. Meu equipamento era mais que precário, meu conhecimento se resumia a diferentes formas de fazer um amplificador começar a criar microfonia e o grande destaque do meu “estúdio” era um espelho que cobria uma parede inteira, e eu tinha me comprometido a gravar um disco que eu não tinha a menor idéia de como fazer. A medida que as músicas foram sendo feitas o nervosismos se transformou em alegria. As piadas não paravam nunca, a gravação se transformou em uma festa, o clima que (acredito que só eu achava que) poderia ser tenso se tornou mais leve que o ar e fizemos um disco divertidíssimo. Se você quer ter uma idéia do que era a gravação basta ouvir os primeiros segundos de “Encontro Marcado” para ter uma idéia da realidade: amigos, bêbados, gritando e dançando em volta de um microfone fazendo música.

Fico muito feliz em saber que aquele disco d’Os Dinamites rendeu diversos show e ajudou a banda a crescer não só em Brasília como no País inteiro, captando fãs em diversos Estados. Mas ainda assim sempre tive uma sensação de que poderíamos fazer coisas melhores, que aquele não era, nem de perto, o nosso limite.
Não nego que fiquei surpreso quando o Boy me ligou para gravarmos o segundo disco deles. Achava que a essa altura eles iriam procurar alguém com equipamentos melhores e com mais afinidade sonora do que eu. Não tive dúvidas, aceitei na hora o que eu sabia que seria, no mínimo, uma experiência divertidíssima. Mesmo com a saída de Olavo e Felipe, achei que essa era a hora de subirmos um degrau e fazermos algo maior pela história dos Dinamites.

Continuo sendo um mero hauli quando se trata de Rockabilly, mas ouvindo as músicas do disco, a mixagem, os timbres, tenho certeza que subimos mais um degrau. A banda mudou muito. Olavo e Felipe saíram, mas Lucas e Boy estão soando completamente coesos, e a entrada do Fabrício (guitarrista dos Los Torrones) na bateria deu um novo espírito para a banda. A alegria do primeiro disco continua presente mas o som mostra uma banda bem diferente, mostra uma banda que cresceu. Fico feliz de ver que pude de alguma forma compensar o voto de confiança que me foi dado quando não tinha o menor cacife para me bancar, e ainda que pisando em ovo em alguns momentos (“boy, é assim que o baixo tem que soar?”, “É!”), sinto que fizemos um disco lindo. Que o futuro venha! Que mais show venham! Temos do que nos orgulhar.

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